terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Travesseiro



Chuva sobre um deserto
nao é apenas uma ilusão
destruindo pensamentos
ao som de um velho piano a luz do luar.

Flores despedaçadas
pelo beijo do orvalho
sobre corpos espalhados
numa cama de plumas.

Ela pegou suas coisas
saindo pela estrada do desejo
em noites sombrias e geladas
de estrelas embriagadas
para afundar-se nas escadas do inferno.

E quando o sol amanhece
você percebe que essa é uma história
que se repete a cada dia
em nosso parque de diversões particular
onde os palhaços se divertem as nossas custas.


Postei ao som de: Robbie Williams - Come Undone

Da dor da morte

Hoje vi nimbos de lágrimas
desabarem de olhos tristes
sob olhares de invisíveis de anjos instrumentistas
harpas douradas anunciando
a abertura dos portões
E lá se vai a velha moldura de barro
ao pó retornando para se desfazer
em criptas obscuras num entulho de ossos secos
E a dor é o que resta nestes corações dilacerados
mas o outono sopra os gravetos ressecados
da saudade sob o luar das folhas mortas
para que o vento ao amanhecer
traga a chuva aos nossos jardins
de lírios e jasmins sob frágeis vasos de argila.

In memorian a T.M.S.B
Playing: Mirian Stockley - A Perfect Day

sábado, 20 de janeiro de 2007

Tempo de Coragem

É triste pensar que a velhice e o tempo nos faz perder a coragem.
Poucas, seguramente, raras são as pessoas a quem o tempo e as circuntâncias fortuitas da vida não lhe assustam. Essas pessoas são movidas por diferentes espécies de emoções, mas todas tem em comum a ausência do medo, que não as impede de arriscar, sonhar e dar tudo de si pelos seus sonhos e, ainda podemos incluir os que estão cientes da transitoriedade da vida e procuram vivê-la ao máximo. Viver a vida ao extremo, não é simplesmente curtir todas as emoções, aproveitar tudo o que se pode fazer no instante presente e viver essas sensações a fundo, para mais tarde guardá-las na memória. Isso é existir e curtir a intensidade de momentos. Viver ao máximo é deixar o seu nome marcado na história, para as próximas gerações, ou se tornar um mito, ou uma lenda contada pelos que ficam e chegam mais tarde.
O processo de viver a vida ao máximo, exige não apenas a coragem de enfrentar tudo o que te impede de realizar seus sonhos, mas a experimentação de coisas que você tem tanta curiosidade, mas se reprime pelas imposições da sociedade, religião e opinião pública.
Olhe para trás. Lembre dos tempos de criança. Não havia o medo de subir em lugares altos, não havia a preocupação com o tempo, porque parecia distante a vida adulta. Olhar para baixo não causava vertigem, porque tudo parecia uma eterna brincadeira. O papel de bandido era até mais atraente que o de mocinho e repetiamos uma frase: "Quando crescer eu vou..."
Pois bem, hoje passada a infância e a adolescência e início da juventude, nosso comportamento é diferente. O medo do envelhecimento, do fracasso, nos torna pessoas normais, porque induz-nos a fazer sempre o mesmo e seguir o paradigma da maioria. Nossos sonhos vão ficando mais distantes, utópicos e deixamos de arriscar aquilo que poderia nos trazer felicidade, para nos submeter as regras do poder e ao jogo da sociedade: Dominantes x Dominados.
Precisamos recuperar o tempo perdido, caminhar, lutar e nunca deixar de sonhar. A vida passa rapidamente e se não a aproveitarmos ao máximo, só restarão saudades e a velhice trará o vento frio do outono para levar as folhas de nossas árvores humanas, quando estas poderiam ter integrado as páginas do livro de nossas vidas se nunca houvessemos perdido a coragem de VIVER e não apenas EXISTIR.
Playing: The Afghan Whigs - Conjure Me